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 Rescue me 
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Data de registro: Qui Out 28, 2010 6:39 pm
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Mensagem Rescue me


Colégio Silvério Franco
Especial: Rescue Me

Eu odiava aquela escola. Odiava mais que tudo, mais do que todas as escolas que já estudei na vida. Por que, afinal, eu tinha que estudar justamente na escola do meu avô? Aquele velho babão não deve ter nada pra fazer mesmo, a não ser ficar arrumando um jeito novo de ficar me enchendo o saco!

Foi com esse pensamento que botei o primeiro pé na Silvério Franco, tendo que usar a calça jeans e aquela camisa vermelha e branca ridícula e olhar aqueles professores de terno o tempo todo.

O colégio era ridículo, as aulas monótonas e os professores não serviam pra nada. Bem, a Sophia eu até deixava passar, porque ela era minha amigona desde antes de eu ter ido estudar literatura com ela. Mas o resto... lixo, lixo e lixo. Não tinha nada naquela escola que se salvasse. Nem as meninas. Elas eram até bonitinhas, claro, não era aquele estupor de beleza, mas ao menos dava pra comer, e elas eram bem facinhas... tão fáceis que dava nojo.

Nem eu mais entendia o que eu ainda tava fazendo ali. Pra mim, nada se salvava naquele lugar. Eu só queria me livrar de tudo. E quando eu achava que já tava bem servido de problemas, apareceu mais um: ele.

A primeira vez que nos vimos não podia ter sido pior: ele me viu matando aula, fumando e ainda me agarrando com uma garota atrás do ginásio, perto da grade que dava pra faculdade. Como ainda era a primeira semana de aula do convênio, e eu ainda não tinha assistido nenhuma aula, não sabia que ele era professor. E depois, quando fui pra aula quase duas semanas depois e vi ele ali, tapando o buraco da professora Falcon (que estava de licença-maternidade), cara, quase tive vontade de puxar uma arma e atirar na cabeça dele.

De todos os professores, o mais chato era ele, e justamente da matéria que eu mais odiava: português. Sempre ele! Ficava me enchendo o saco na aula, puxando minha orelha e pegando no meu pé. Quem era aquele cara pra ficar tentando mandar em mim? Um professor babaca, metido a bonitão que andava todo engomadinho pra tudo que é lado. Nem o diretor Ruuma anda de terno que nem aquele professor! Além disso, ele nem tinha mestrado nem nada, e se achava o rei da cocada preta. A aula dele era sempre a mais chata, era a que mais me dava vontade de bater a cabeça na parede.

Mas eu sempre aparecia. Sempre, nem que fosse no comecinho ou no finzinho da aula. Eu sempre dava as caras, nem que fosse por míseros 10 minutos, porque queria ver o professor. Eu não sabia porque, mas me sentia esquisito quando não via ele, quando não ouvia ele falando comigo, ou me chamando. E mesmo assim, tudo que ele me falava, ou até a cara que ele fazia quando me olhava, me dava ódio. Assim passaram-se os quatro primeiros meses do convênio.

- Tenho que arrumar um jeito de me livrar dele... – comentei um dia desses, enquanto tava me agarrando com a Paola no mesmo lugar que eu vi ele da primeira vez.

- Do professor, você diz? – ô garota grudenta, vivia falando enrolado achando que eu caía naquilo. Nem peitos grandes ela tinha. Ah, tanto faz, tem buceta, mesmo...

- É. – abri a mochila e olhei a minha caixa de cigarros. Tava no final já. Ia ter que arrumar alguém maior de idade pra comprar pra mim de novo... – Esse cara só sabe me encher o saco, não faz nada que preste! Se desse pra matar ele eu já tinha feito isso desde o começo do semestre.

- Ah, mas ele até que é bonito... – ela falava isso esfregando o nariz no meu rosto. – A maioria das meninas lá da minha sala tem uma queda por ele. Teve até uma vez que a Gabi ficou uma vez sozinha com ele no final da aula e... bom, você sabe...

- E ele comeu ela? – aquilo não era lá muito interessante, afinal de contas a Gabi já tinha tentado dar até pra professora de Educação Física. Mas se podia me ajudar a ferrar com ele, valia a pena escutar até o final.

- Que nada... falou um monte de coisa sobre descoro...

- Decoro... – meu Deus, essa menina era mais burra que eu! E não tinha peitos grandes! Puta merda, era hora de arrumar uma nova...

- Esse caralho aí, que seja... ele falou um monte de merda, que ele não podia, que ela era aluna e não sei o que...

- Sei... até parece que ele não queria comer ela. – dei uma tragada boa naquele cigarro. Era um dos últimos, era pra ser aproveitado ao máximo.

- Ah, vai saber? – Paola deitou na grama de novo. – Sabe o que tão dizendo no 2-1? Que esse professor é viado...

Virei pra ela, surpreso.

- Ué, por que? Viram alguma coisa dele?

- Não sei... ele não tem lá muita pinta, mas sabe aquela história de “o povo aumenta mas não inventa”? Alguma coisa eles devem saber pra ter espalhado isso...

De repente aquela menina parecia uma deusa pra mim. Fofocas sempre tinham um fundo de verdade. E meninas eram as rainhas da fofoca. Talvez saber um podre ou dois daquele engomadinho podia me ser útil...

Foi assim que começou meu plano.

----------

Foi tudo por puro acaso. A aula acabava 6:30, mas já eram 9 da noite e eu ainda tava lá, preso. Aquele porra daquele motorista não tinha ido me apanhar, papai pra variar tinha me esquecido, e eu fiquei de castigo lá, sentado no pátio do colégio esperando a boa vontade de alguém aparecer. Ainda por cima, não podia pegar ônibus porque o porteiro dedo-dudo ia fofocar tudo pro velho. Não que eu estivesse lá muuuito preocupado, mas não tava a fim de levar uma surra tão pertinho do final de semana. Já era quinta, o outro dia ia ser sexta, e eu não tava a fim de ficar de castigo num final de semana que podia ir pra balada e arrumar alguma garota. Tsc... nem fumar eu podia, porque era área escolar e aquele porteiro filho da puta ia me derrubar em casa.

Aí ele passou. O professor Saffron, devidamente engomadinho, devidamente cheio de papel e trabalho pra corrigir em casa. Na verdade, me assustei de ele ainda estar aí. Nos quatro meses que tava lá, já tinha aprendido um pouquinho dele, e o pouco que eu sabia me dizia que ele tava cansado pra caralho. Ele tava com o óculos pendurado no bolso (ou seja, tava lendo), com cara de sono (tava tomando café pra se aguentar), e a blusa dele tava amarrotada (tinha passado muito tempo sentado). Pela cara do material que ele tava carregando, era algum exercício que ele pediu valendo ponto. Bem feito.

- Professor? - chamei baixinho.

- Ah, oi Sven - ele deu um sorriso aberto, aquele sorriso que me dava vontade de achar graça também. Ou vai ver era porque ele tinha cara de idiota, mesmo. - O que tá fazendo aqui a essa hora da noite?

- Ah, me deram um chá de cadeira... - só dei de ombros. Não tinha muito o que falar também. Ele fez uma cara de quem tinha entendido tudo e deu um sorriso.

- E você tá esperando esse tempo todo aí sozinho? Nossa... haja paciência! - ele voltou a sorrir. Não era possível, ele era muito idiota, mesmo. Ou tava rindo da minha cara. - Não tá com fome?

Resolvi não responder nada. Aquilo só podia ser pra me tirar do sério, mesmo... mesmo assim, pela minha cara emburrada ele sentiu que eu tava com fome, sim – e ele não tava de todo errado. Tava desde as quatro da tarde sem comer nada, graças ao filho da puta do meu pai que me deixou sem dinheiro.

- Ah, peraí então...

Ele jogou todo o material escolar dele praticamente em cima de mim. Aí abriu a pasta e tirou um sei lá o que dobrado num lencinho de papel. Abri e era um pedaço de pão com queijo, já bem frio e sem gosto, mas ainda assim, comida.

- De onde tirou isso? - perguntei, chocado. Tinha alguma coisa de surreal naquele cara, andando com comida assim sem mais nem menos.

- Ahn, eu trouxe pra lanchar caso me desse fome, mas como já acabou o meu expediente vou deixar pra jantar direito em casa... quinta feira é o pior dia pra mim, e como tá acabando o mês eu tenho que ficar aqui até tarde ajeitando as listas de chamada...

- Então toda última quinta feira do mês você sai tarde? – o cheiro da oportunidade começava a exalar no ar.

- É, pra ajeitar as listas pra entregar pro diretor... e não precisa me chamar de professor, pode chamar só de Saffron, já acabou a aula mesmo...

Isso, Saffron, vai me dando intimidade. Vai mostrando o burro que você é pra eu poder te usar como quiser depois. As coisas estavam indo melhor do que eu imaginava... mas espera aí, os boatos não diziam também que ele era todo gentil, mas não dava muita intimidade pros alunos?

- Ah... obrigado então... - agradeci, falando do sanduíche. Quanto mais ele achasse que éramos amigos, melhor. E pior é que tava bom, mesmo tendo passado o dia trancado na pasta dele... será que era a fome? Será que era porque foi ele que fez?

- Bom, eu vou indo... - ele pegou o material de novo. - Tenta descansar bem quando chegar em casa pra não ficar dormindo na sala!

Eu apenas acenei, enquanto ele pegava o rumo do estacionamento. Talvez fosse a chance que eu precisava. Se eu encontrasse ele de novo a essa hora podia saber um pouco mais dele e confirmar se os boatos eram verdadeiros ou não... eu não tinha nada a perder, de qualquer forma. De qualquer forma, mesmo que tudo desse errado, aquele era o último ano, mesmo... em alguns meses eu não o veria nunca mais.

Bem nessa hora, toca o meu celular. Atendi e nem precisei dizer alô quando ouvi a voz enrugada do velho.

- Pega um táxi e te manda pra casa AGORA!

Eu só não sabia muito bem o que fazer se tudo aquilo fosse verdade...

----------

Um mês depois, dito e feito. Dei um jeito de despistar o motorista e sentei lá, esperando. Confirmei que ele ia ficar pra trás com a Sophia, que passou de mãos dadas com o professor Hitori e confirmou que o Saffron ia ajeitar as listas de frequência hoje. Pois bem, tudo pronto. Era só sentar e esperar...

Dessa vez fui prevenido. Deixei o lanche guardado na mochila, e comi só lá pra umas 7:30, pra poder aguentar a espera até sei lá a hora que ele fosse embora. Oito horas as luzes dos corredores já tavam sendo apagadas, e deixaram só as lâmpadas do caminho mesmo enquanto ele tava lá dentro. Enquanto isso, eu me preparava psicologicamente pro que tava tramando fazer. O primeiro passo era tramar um jeito de fazer ele me falar, ou dar alguma revelação sobre a orientação sexual dele.

Teoricamente seria bem fácil, mas eu não tinha ideia de como fazer aquilo.

Além disso, aquele não era o único problema. E se ele descobrisse que eu tava espionando a vida dele e resolvesse descontar em cima de mim de algum jeito? E se falasse pro meu avô?

E se ele me odiasse?

Não, aquilo eu não ia aguentar. Já tinha gente o bastante pra me odiar em casa. Com o Azhi morando fora, papai vivendo na rua e só meu avô e eu na casa, não precisava de mais um pra me tratar mal. Mas será que ele seria mesmo capaz disso? Ele era sempre tão gentil com todo mundo, mesmo não deixando ninguém chegar muito perto... até comigo, que era um dos alunos mais odiados por viver matando aula...

- Te esqueceram de novo, foi?

Eu de repente levantei a cabeça, e ele tava ali. Acho que comecei a cochilar e nem percebi. Quando olhei no relógio do celular, eram 10:29 da noite. Nossa, ele realmente tinha passado direto dessa vez... aquilo tudo era vontade de trabalhar, por acaso?

- É, mais ou menos... - acabei falando bocejando. Ele deve ter achado que sou um pateta. Mesmo assim, ele se abaixou pra falar comigo. Parecia realmente preocupado.

- Você não anda se desgastando demais, Sven? - ele tinha um tom de voz suave... era até gostoso ouvir ele falar. Mas ele também tava cansado. Eu é que não queria ser professor pra ter que ajeitar lista de frequência de aluno até 11 da noite.

- Grande coisa... eu tô bem, não precisa se preocupar comigo.

- Vocês adolescentes acham que só porque são mais novos que a gente são de ferro... cuidado pra não adoecer ficando nesse frio! - ralhou ele sorrindo.

- Credo, Saffron, você não é tão velho assim! Quantos anos você tem?

- 26.

Vinte e seis... dez anos de diferença. Era uma boa diferença, mas não era tão assustador assim... tinha gente da minha sala que já era casada! Aí pensei, se ele fosse gay mesmo, e eu me insinuasse direito, ele cairia. Talvez eu tivesse chance. Talvez eu devesse tentar a sorte...

- Bem, você ainda vai ficar por aqui? - perguntou ele de novo. - Acho que tá tarde pra você voltar pra casa...

- Não, eu vou de ônibus depois... não tem problema.

Ele olhou pra rua, vendo que não tinha quase ninguém passando. Também, naquela hora, ficar vagando por aí era pedir pra ser assaltado. E aquele lugar não era conhecido por ser um dos mais seguros de noite... mas não era hora pra pensar naquilo. Depois eu dava um jeito de chegar, mas antes tinha que fazer o que planejei o mês inteiro!

Mas afinal, o que eu deveria fazer pra chamar a atenção dele? Será que forçar uma declaração de amor resolveria? Bem, ele era gentil com todo mundo, não tinha cara de quem ia simplesmente me rejeitar... botei a mão por dentro do casaco, liguei meu gravador, respirei fundo e tentei parecer o mais delicado possível.

- Professor, eu...

- Saffron. - cortou ele, ainda olhando pra rua. Ele estava meio preocupado, olhava pra parada do ônibus como se esperasse algum policial. Ou um anjo, o que viesse primeiro.

- Ah, sim... Saffron, eu... queria te falar uma coisa...

Ele finalmente olhou pra mim. Os olhos dele eram azuis, um azul daqueles que te prende. Foi a primeira vez que reparei nisso, talvez porque eu sempre passava muito pouco tempo na sala de aula. Quando olhei pra ele assim, tão perto, perdi a força e me perdi todinho no que ia dizer. Só fiz ficar lá de boca aberta, tentando puxar alguma coisa pra falar.

- Pode falar, eu tô ouvindo! - ele deu risada.

- Eu... e-eu...

Mas aí ele abaixou a cabeça e suspirou, como se lamentasse alguma coisa. Então olhou pra rua de novo, e virou pra mim, sério.

- Sven, tô preocupado com você, a escola já devia estar fechada há séculos. Tem certeza que estão vindo te buscar? Não quer que eu te deixe em casa?

Aí meu coração parou de vez. Era tudo que eu queria. Andar no carro dele, passar o tempo da viagem conversando com ele, só nós dois, num ambiente fechado... era o clima de romance que eu precisava pra aplicar o golpe. Ao mesmo tempo, tinha alguma coisa errada... e se ele realmente caísse naquilo e tentasse... não, a tapada da Paola não tinha dito que ele era todo profissional? Claro que ele nunca faria isso!

- Tem certeza? – só pra garantir, joguei o falsete do “tem certeza”. Sempre funcionava. - A minha casa é longe, fica lá na zona Norte...

- Não tem problema, moro pra lá também. Posso te deixar em casa e depois eu sigo...

Não, não era possível cara, eu só podia estar dormindo! Ele ia me deixar em casa mesmo! Assim eu poderia descobrir o maior segredo dele, ninguém ia poder atrapalhar... era minha chance. Uma chance única na vida, provavelmente. E eu não ia deixá-la escapar.

- Tudo bem! - levantei de um pulo e joguei a mochila na costa.

_________________


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Qua Dez 22, 2010 12:49 pm
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